terça-feira, 13 de maio de 2008

Cruz Vermelha quadriniza sua história

Por Wemerson Augusto em 13/5/2008

A edição dos quadrinhos A História de uma Idéia, de autoria Jean-Giraud – mundialmente conhecido como Moebius – foi um dos principais atos de lembrança e reflexão do Dia Mundial da Cruz Vermelha, celebrado em (8/5).

Na publicação, Moebius buscou atentar a população para o trabalho da organização humanitária. A narrativa situa o leitor na saga de vida da Cruz Vermelha. Na peça, carregada de lutas, conflitos armados, epidemias e atos de violência, o público tem, além de informação, boas pinceladas do traço de um dos melhores artistas da 9ª arte.

Os quadrinhos, originalmente batizados de The Story of an Idea, podem ser baixados gratuitamente em três idiomas. Ao todo, são 12 páginas. Atualmente a edição está disponível em espanhol, inglês e francês. Não há previsão da campanha em português.

Opção de leitura

Assimilação do conteúdo e repercussão do fato foi sem dúvida o interesse da entidade quando optou em elaborar um quadrinho para divulgar o seu 149º aniversário. Simplicidade e talento foram outras preocupações que podem ser percebidas analisando friamente a obra.

De forma didática, texto e imagem transmitem aos leitores as questões envolvendo as convenções de Genebra, os princípios humanitários universais, violência armada, a migração internacional, as doenças, a intolerância e degradação ambiental. É uma excelente opção de leitura, principalmente nestes tempos cada vez mais cifrados e niquelados.

Artigo publicado originalmente no Observarório da Imprensa

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domingo, 4 de maio de 2008

Arquizine



Falar de arquitetura pode ser fanzine? Falar de nossa cidade e do seu meio urbano pode ser fanzine? Digo que sim.
Além de diversão, fanzini também é informação. Para o fim de maio, pretendo lançar dois fanzines: Zine Conto (diversão na forma de contos) e Arquizine (planejamento urbano para se ler no recreio). Espero colaboradores com textos sobre o tema. Ou leitores.

imobz@hotmail.com

Luiz.

Impressões Urbanas – Maio de 2008

Cidade Cidadã

Qual o significado da cidade para o cidadão? Como um morador, seja da área central ou da periferia, vê o espaço que habita, trabalha, se diverte e organiza sua vida?

Morar em uma área urbana deixou de ser sinônimo apenas de conforto e acesso aos serviços, dificilmente encontrados em áreas rurais ou em regiões distantes do processo de urbanização. Viver nas cidades é conviver com a falta de serviços básicos para a maioria da população, com a exclusão crescente e com a violência urbana.

Nossas cidades de médio porte (200 a 500 mil habitantes), apesar da boa qualidade de vida quando comparada com as grandes metrópoles, começam a observar a expansão de problemas antes tidos como característicos dos grandes centros. Tais problemas vão desde prestação de serviços básicos para atender não só sua população, mas também os habitantes de cidades próximas que não contam com uma rede de serviços de saúde e educação consolidada, até questões de organização do espaço urbano com a ocupação do solo, o transporte de trabalhadores e estudantes, o tráfego em áreas centrais ou nodais e a distribuição dos equipamentos urbanos de forma mais justa e abrangente.

Analisando especificamente o caso de Foz do Iguaçu, esta problemática é rapidamente percebida. Muito se fala das altas taxas de crescimento populacional e urbano depois do inicio da construção de Itaipu, considerada a maior responsável pelo fluxo migratório para esta região, mas ainda hoje (mais de vinte e cinco anos do início das obras) as ações efetivas de adequação do espaço urbano para atender a demanda são tímidas, momentâneas e contraditórias.

A cidade ainda não resolveu os seus vazios urbanos nas proximidades da área central, onde verdadeiros “latifundiários urbanos” tomam conta de terrenos e grandes áreas, destinadas à especulação imobiliária e contribuindo para a violência, favorecida pelos vazios demográficos. O estatuto das cidades prevê medidas públicas de combate a este tipo de propriedade em área urbana, mas pouco se tem feito para punir estes especuladores. Enquanto isso, Foz do Iguaçu vai ampliando suas fronteiras, levando trabalhadores para bairros mais distantes da área central e, consequentemente do seu local de trabalho e lazer.

Tais bairros são criados sem as devidas condições mínimas de urbanização e se tornam verdadeiros “dormitórios”, sem áreas de lazer, esporte, oferta de serviços básicos e transporte coletivo acessível, eficiente e dentro das verdadeiras necessidades da população.

Na área central, a padronização de calçadas já é uma realidade, mas ainda encontra a rejeição de comerciantes e, principalmente, dos especuladores, prejudicando a movimentação de portadores de necessidades especiais, principais beneficiados com as calçadas, recebendo autonomia e respeito.

O transito vem se tornando cada vez mais complicado à medida que a estrutura viária se mantém inalterada há anos. Não contamos ainda com um desvio para os pesados caminhões que diariamente cortam nossa área central vindo (ou indo) para a Argentina. A fiscalização de transito é escassa e pouco pode fazer para conter abusos e organizar o acesso às vias centrais. Os engarrafamentos já são realidade, fruto do ineficiente planejamento e do transporte coletivo problemático e demorado.

Pensar a cidade e buscar entender como sua população vive e percebe o espaço à sua volta é essencial para tornar o meio urbano mais justo e acessível. Entender a organicidade do meio urbano auxilia na elaboração de políticas publicas que atendam a maioria da população e não uma meia-dúzia de indivíduos, enriquecidos com a ineficiência do atendimento à população. Projetar nosso município de forma humana é o primeiro passo para a completa valorização do cidadão, que passará a ver sua cidade como uma extensão de sua casa.

Luiz Henrique é iguaçuense, escritor e estudante de Arquitetura. Escreve a coluna “Impressões Urbanas” em seu blog avidagira.blogspot e em publicações diversas.