domingo, 3 de fevereiro de 2008

Criatividade, mercado. Bolos e tortas. Polêmica.

Olá, esta é a primeira vez que escrevo para o Fanzines na Rede, então resolvi abordar os temas básicos e que mais me preocupam no universo fanzineiro, ou melhor dizendo no mundinho fanzineiro. Uma questão que venho martelando em conversas com amigos e a certa ausência de criatividade no segmento e como isso enterra muitos talentos. Na minha fanzinoteca, encontro dezenas de histórias, mas somente umas cinco delas me chamam a atenção. Por que?
Boa parte dos fanzineiros tem um grande autor ou obra que admiram, e inconscientemente ou não tendem a criar suas histórias no mesmo estilo daquele autor. O que isso trás de bom?

Vejamos:
Vamos tomar o exemplo de Cavaleiros do Zodíaco, mas imaginamos então isso como uma receita. Masami Kurumada, o autor, leu muito sobre várias mitologias, grega, nórdica e até bretã, e depois pegou tudo aquilo e passou por uma espécie de peneira, ao que sobrou ele acrecentou os elementos básicos da história: personagens, vilões e mocinhos, trama e tudo mais. E criou um belo bolo, profissional.
Agora vamos ao fanzineiro 'Beltrano". Beltrano adora Cavaleiros do Zodíaco, então assiste todos os episódios, compra os mangás, lê tudo e então resolve fazer seu zine. Beltranho capta um monte de idéias, pega os temas previamente penerados pelo Masami Kurumada e faz seus personagens, trama e história. Pode até ficar parecido com o bolo do Kurumada, mas dificilmente será tão gostoso, e terá cara de torta, porque faltou fermento nisso daí.
Ora, seguir uma receita de sucesso nem sempre é o melhor. Porque eu haveria de me interessar em mais uma história com torneio de luta entre guerreiros apadrinhados por estrelas? E ainda por cima amadora? Ora, já existe uma obra fantástica chamada Cavaleiros do Zodíaco com esse tema. Uma coisa é você beber da mesma fonte que seu autor ou obra favorita, outra coisa é a fonte ser o ser autor e a obra. É prejuízo na certa. E um fanzineiro a menos no próximo evento.

Os fanzineiros tem de parar de achar que as pessoas devem comprar seus fanzines pra apoiar "mais um artista brasileiro" ou algo parecido. Uma a cada 200 pessoas tem essa consciência social de ajudar o fanzineiro. Quando alguém compra um fanzine, está adquirindo um produto. Para ela pouca diferença fará em comprar um fanzine ou um mangá. O que ela quer é uma boa história, divertida de se ler, de qualidade. Essa é a realidade, por isso o fanzine deve ser atrativo, e principalmente original.
O mangá lançado pelas editoras tem toda uma estrutura profissional por trás, anime na TV ou na internet pra baixar, e a certeza de que você verá o final da história. Nós fanzineiros não temos nada além de um deviantart e alguns amigos que admiram o nosso trabalho. Nisso o mangá já sai anos luz na frente.

Enquanto não perdermos essa síndrome de coitadinhos e começarmos a arregaçar as mangas, apoiarmos uns aos outros e melhorar nosso trabalho, começando pela pesquisa e a leitura da maior quantia de autores possível. O bolo vai virar torta.

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1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Interessantes as observações para a galera quer um lugar ao sol neste concorrido mercado.

5 de fevereiro de 2008 às 11:47  

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